domingo, 16 de setembro de 2007

Quando eu subi o morro...

Estava lembrando disso ontem, quando fui à décima edição do Festival de Música de Botequim, o Femusquim, no Morro dos Alagoanos...

Ano passado subi o Morro Jesus de Nazareth, em Vitória. Fui à casa de um amigo do meu irmão, Gladson, colega dele da faculdade de Direito – e quem foi que disse que quem mora no morro não tem instrução, não faz faculdade, não tem educação? O povo do morro é cult... É tão persistente, e resistente, que se a educação não sobe o morro, o morro desce a procura da educação.

Fiquei entusiasmada com o convite. Além de subir o morro do Nazareth pela primeira vez, eu e meus amigos íamos tomar uma cervejinha e comer um peixinho frito, cardápio típico dessa ilha bacana cercada por mares.

Ao subir, confesso que fiquei apreensiva. São inúmeras as notícias que nos chegam pela imprensa do tráfico e da violência no morro. Mas estava muito a fim de conhecer aquele lugar.

As ruas estreitas só permitiam o trânsito de um automóvel por vez. Fomos subindo até descobrir uma das vistas mais lindas desta cidade, uma visão única da Baía de Vitória. Como o amigo do meu irmão já havia avisado aos vizinhos que chegaríamos, chegamos bem e fomos muito bem recepcionados por todos, bem recepcionados não, fomos recebidos como reis.

Ao chegar ao topo do morro, comecei a perceber ali, que estava diante de um lugar privilegiado, que nenhum abastado das áreas nobres da capital teria o prazer de gozar, isso mesmo, sentir prazer, ter satisfação, se deleitar.

Mas a nobreza e a cortesia do morro não se resumiam apenas nisso. Quanta delicadeza e alegria nos moradores daquele espaço... esforçavam-se ao máximo para nos fazer sentir bem, em casa... cerveja gelada, uisque 12 anos, bebidas diversas, comida farta - uma enorme quantidade de mariscos e frutos do mar -, qualidade digna dos melhores restaurantes de qualquer grande cidade desse país. E tudo patrocinado pelos anfitriões, os amigos do morro Jesus de Nazareth.

Não me lembro de ter sido tratada com tanta gentileza e tanta fartura em nenhum desses encontros da alta sociedade, que casualmente tenho oportunidade de freqüentar. Muito pelo contrário, nessas reuniões o uísque é escasso e a cerveja é fria - até porque povo rico não sabe beber mesmo –, a comida é restrita e sem gosto e todo mundo finge e se comporta como se estivesse em uma grande cena, com gestos forçados, sorrisos pouco espontâneos.

É... O povo do morro é que é feliz... Vê as coisas de cima... Do alto...
Muita alegria, muita música, muitas histórias, muita comida, muita bebida, muita fartura. Nossa... Que estranho... Que triste... Como a Praia do Canto, a Mata da Praia, a Ilha do Boi e a Praia da Costa são insípidas.

3 comentários:

Unknown disse...

O Tom e o Vinicius...podem comentar isso!


O morro não tem vez
E o que ele fez já foi demais
Mas olhem bem vocês
Quando derem vez ao morro
Toda a cidade vai cantar
Morro pede passagem
Morro quer mostrar
Abram alas pro morro
Tamborim vai falar
É um, é dois, é três
É cem, é mil a batucar
O morro não tem vez
Mas se derem vez ao morro
Toda a cidade vai cantar
Morro pede passagem
Morro quer mostrar
Abram alas pro morro
Tamborim vai falar
É um, é dois, é três
É cem, é mil a batucar
O morro não tem vez
Mas se derem vez ao morro
Toda a cidade vai cantar
Morro pede passagem
Morro quer mostrar
Abram alas pro morro
Tamborim vai falar

Alcione disse...

Caramba...
Não lembrava dessa música...
Bem legal...

Unknown disse...

Também vivenciei experiência parecida quando subi o Morro Jesus de Nazareth para fazer estágio na faculdade, fiquei pasma com a vista tão bela e a recepção daquele pessoal. Contando fica até difícil de transmitirmos o sentimento e a sensação de conforto. Além disso, descobri que muita gente da alta, que em suas festas fazem caras e bocas, passam por lá para bebericar e comer um peixinho frito, viu! Um beijo grande e saudoso.