Estava lembrando disso ontem, quando fui à décima edição do Festival de Música de Botequim, o Femusquim, no Morro dos Alagoanos...
Ano passado subi o Morro Jesus de Nazareth, em Vitória. Fui à casa de um amigo do meu irmão, Gladson, colega dele da faculdade de Direito – e quem foi que disse que quem mora no morro não tem instrução, não faz faculdade, não tem educação? O povo do morro é cult... É tão persistente, e resistente, que se a educação não sobe o morro, o morro desce a procura da educação.
Fiquei entusiasmada com o convite. Além de subir o morro do Nazareth pela primeira vez, eu e meus amigos íamos tomar uma cervejinha e comer um peixinho frito, cardápio típico dessa ilha bacana cercada por mares.
Ao subir, confesso que fiquei apreensiva. São inúmeras as notícias que nos chegam pela imprensa do tráfico e da violência no morro. Mas estava muito a fim de conhecer aquele lugar.
As ruas estreitas só permitiam o trânsito de um automóvel por vez. Fomos subindo até descobrir uma das vistas mais lindas desta cidade, uma visão única da Baía de Vitória. Como o amigo do meu irmão já havia avisado aos vizinhos que chegaríamos, chegamos bem e fomos muito bem recepcionados por todos, bem recepcionados não, fomos recebidos como reis.
Ao chegar ao topo do morro, comecei a perceber ali, que estava diante de um lugar privilegiado, que nenhum abastado das áreas nobres da capital teria o prazer de gozar, isso mesmo, sentir prazer, ter satisfação, se deleitar.
Mas a nobreza e a cortesia do morro não se resumiam apenas nisso. Quanta delicadeza e alegria nos moradores daquele espaço... esforçavam-se ao máximo para nos fazer sentir bem, em casa... cerveja gelada, uisque 12 anos, bebidas diversas, comida farta - uma enorme quantidade de mariscos e frutos do mar -, qualidade digna dos melhores restaurantes de qualquer grande cidade desse país. E tudo patrocinado pelos anfitriões, os amigos do morro Jesus de Nazareth.
Não me lembro de ter sido tratada com tanta gentileza e tanta fartura em nenhum desses encontros da alta sociedade, que casualmente tenho oportunidade de freqüentar. Muito pelo contrário, nessas reuniões o uísque é escasso e a cerveja é fria - até porque povo rico não sabe beber mesmo –, a comida é restrita e sem gosto e todo mundo finge e se comporta como se estivesse em uma grande cena, com gestos forçados, sorrisos pouco espontâneos.
É... O povo do morro é que é feliz... Vê as coisas de cima... Do alto...
Muita alegria, muita música, muitas histórias, muita comida, muita bebida, muita fartura. Nossa... Que estranho... Que triste... Como a Praia do Canto, a Mata da Praia, a Ilha do Boi e a Praia da Costa são insípidas.
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3 comentários:
O Tom e o Vinicius...podem comentar isso!
O morro não tem vez
E o que ele fez já foi demais
Mas olhem bem vocês
Quando derem vez ao morro
Toda a cidade vai cantar
Morro pede passagem
Morro quer mostrar
Abram alas pro morro
Tamborim vai falar
É um, é dois, é três
É cem, é mil a batucar
O morro não tem vez
Mas se derem vez ao morro
Toda a cidade vai cantar
Morro pede passagem
Morro quer mostrar
Abram alas pro morro
Tamborim vai falar
É um, é dois, é três
É cem, é mil a batucar
O morro não tem vez
Mas se derem vez ao morro
Toda a cidade vai cantar
Morro pede passagem
Morro quer mostrar
Abram alas pro morro
Tamborim vai falar
Caramba...
Não lembrava dessa música...
Bem legal...
Também vivenciei experiência parecida quando subi o Morro Jesus de Nazareth para fazer estágio na faculdade, fiquei pasma com a vista tão bela e a recepção daquele pessoal. Contando fica até difícil de transmitirmos o sentimento e a sensação de conforto. Além disso, descobri que muita gente da alta, que em suas festas fazem caras e bocas, passam por lá para bebericar e comer um peixinho frito, viu! Um beijo grande e saudoso.
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